Friday, March 03, 2006

Uuuuuuu que uvinha!

Ela passava todos os dias, mais ou menos a mesma hora, na hora certa de provocar uma indigestão, logo após o meio dia. Uma turma de marmanjo já sabia, conhecia bem certinho o horário, dez pra uma era quando vinha aquela uma, uma uminha, uma uvinha gostosinha... Uuuuuuu. A turma mexia, não deixava barato, devia ouvir uma centena de piadas dessa corja reunida, vocês sabem como é homem, que por natureza já não presta, e quando se junta fica ainda bem pior.

Mas ela não mudava de trajeto, nem atravessava a rua, mantinha o lado da calçada, o passo, a pose, e aquele rebolado, um rebolado que... que... Uuuuuuuuuu. E a turma ficou acostumada, a passada da uvinha virou a sobremesa da moçada, que não atrasava, nem comia a sobremesa com medo de perder o seu trottoir (trottoir est un espace surélevé sur le côté des rues et réservé aux piétons). Um belo dia a uvinha não passou, a cachorrada logo fiscou toda cismada, desconfiada, enciúmada, ensimesmada, pensando o que teria aconcido com o seu belo pitéu.

Seu, isso mesmo, literalmente lido: seu virgula. Minha! Que quietinho num dos dias saí de fininho acompanhando a uvinha, cheguei junto, conversei, ganhei o broto e convenci que era melhor mudar o rumo, passar ao largo, noutro caminho, longe daquela homarada, todos uns brutos sem refino, exceto eu, é claro!

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