Wednesday, March 29, 2006

Uma distinção não bem definida

Primeiro deixa que eu lhe diga, caro amigo, a internet ainda é um dos locais onde mais se tem e mais se preza a liberdade dos usuários - embora com visíveis problemas na outra ponta, a da responsabilidade. Ainda existe muito anonimato e, conseqüentemente, muita irresponsabilidade na rede, uma coisa é fruto da outra. Qualquer um compreende que é muito difícil atingir as duas metas, para se ter um bom controle é preciso restringir certas liberdades, então...

Esse intróito é só para declarar que ninguém vai dizer para ninguém o que deve ou não fazer na rede, o que deve publicar ou como deve publicar. Fora alguns princípios básicos, cada um faz o que quer. Os puristas entendem que os blogs deveriam ter como tema básico a usabilidade, ou seja, deveriam ser utilitários, servir para alguma coisa, evitando o inevitável: a poluição do ciberespaço.

Basta uma navegada pela rede para constatar que estamos a milhões de quilômetros - e de blogs! - de distância desse objetivo. Eu mesmo, devo confessar a bem da verdade, escrevo muita coisa que, dentro desse rigor do utilitarismo deveria ser simplesmente apagada da rede. Eu entendo a alegação de quem defende o ponto de vista do utilitarismo, os mecanismos de buscas ainda não conseguem separar eficientemente o que é sério do que é bobagem.

Seria o caso de propor uma espécie de autoclassificação, funcionaria assim: cada autor faria uma análise daquilo que escreveu e seria implacável, marcaria o seu texto como "utilitário" ou "inútil". Eu acredito que muito lixo ficaria de fora dos mecanismos de busca, tem muita gente sincera nesse mundo.

Tuesday, March 28, 2006

Mudança na Fazenda

Sai Palocci e entra Mantega. Este último não é de boa lembrança dos funcionários públicos, que não o esqueceram e nem vão esquecê-lo por muito tempo. No primeiro ano da administração Lula da Silva, vir para a televisão declarar aos funcionários públicos, há oito anos sem aumento no horrível governo FHC, de que 1% "era um aumento muito bom", foi demais da conta.

Há alguma problema com a dicção dos ministros da fazenda na era Lula? Mas isso não é o mais importante, o mais importante é que falta pouco tempo para aturar esse atual governo. O que posso dizer com sinceridade dele? Que já vai tarde e, se existir um Deus justo, que se vá para nunca mais voltar.

Tuesday, March 14, 2006

O cardápio do momento

O Congresso Nacional passou a servir Pizza à Moda da Casa, desprezando completamente o povo, como se não tivesse que prestar contas a ninguém - a acho que não tem mesmo. Foi até interessante aquele discurso de um dos deputados de que a opinião pública é diferente da opinião do povo, só estou tentando entender, diferenciar uma da outra. Quem forma uma, e - sabe-se lá - quem forma a outra. Sempre achei que a opinião pública era aquela formada pela maioria do povo. Naturalmente pela parcela do povo que tem opinião, é claro.

Há muito - e sempre - que nós perdemos aquele senso mínimo, aquela vergonha na cara, aquilo que impede certas atitudes e declarações sejam revestidas da maior cara-de-pau do mundo. Não é incomum as nossas autoridades declararem os maiores absurdos, tripudiando a população, como se governassem um bando de imbecis, de néscios sem a menor condição de raciocínio.

Este tem sido o triste cenário para o qual, infelizmente, não vejo condições para nenhuma mudança a curto prazo. Até quando vamos ter que conviver com isso?

Friday, March 03, 2006

Uuuuuuu que uvinha!

Ela passava todos os dias, mais ou menos a mesma hora, na hora certa de provocar uma indigestão, logo após o meio dia. Uma turma de marmanjo já sabia, conhecia bem certinho o horário, dez pra uma era quando vinha aquela uma, uma uminha, uma uvinha gostosinha... Uuuuuuu. A turma mexia, não deixava barato, devia ouvir uma centena de piadas dessa corja reunida, vocês sabem como é homem, que por natureza já não presta, e quando se junta fica ainda bem pior.

Mas ela não mudava de trajeto, nem atravessava a rua, mantinha o lado da calçada, o passo, a pose, e aquele rebolado, um rebolado que... que... Uuuuuuuuuu. E a turma ficou acostumada, a passada da uvinha virou a sobremesa da moçada, que não atrasava, nem comia a sobremesa com medo de perder o seu trottoir (trottoir est un espace surélevé sur le côté des rues et réservé aux piétons). Um belo dia a uvinha não passou, a cachorrada logo fiscou toda cismada, desconfiada, enciúmada, ensimesmada, pensando o que teria aconcido com o seu belo pitéu.

Seu, isso mesmo, literalmente lido: seu virgula. Minha! Que quietinho num dos dias saí de fininho acompanhando a uvinha, cheguei junto, conversei, ganhei o broto e convenci que era melhor mudar o rumo, passar ao largo, noutro caminho, longe daquela homarada, todos uns brutos sem refino, exceto eu, é claro!